De acordo com o diretor do Serviço de Infecciologia do Hospital São Bernardo, o tratamento atualmente disponível para o VIH é "uma terapêutica quase ótima, na sequência de uma estratégia que passa pela combinação de fármacos que têm vindo a ser melhorados na sua tolerabilidade e facilidade de administração". Mantendo-se os níveis de eficácia, esta terapêutica trouxe como benefício "a qualidade de vida do doente", um fator determinante para a estratégia de combate ao VIH.
O especialista explica que "as novas infeções adquirem-se por pessoas que não sabem estar infetadas ou não estão suprimidas", pelo que a utilização da terapêutica de uma forma preventiva é, para o Dr. José Poças, "inquestionavelmente válida", ainda que "a sua dimensão e impacto variem com as características das pessoas e das sociedades". No caso de Portugal, que está "a dar os primeiros passos" ao nível da profilaxia pré-exposição (PrEP), o especialista considera que "as pessoas não estão a procurar os serviços hospitalares". "Para que esta medida fosse útil para a comunidade, deveríamos ter cerca de 20 mil pessoas sob PrEP, e temos cerca de 500. Há uma grande necessidade de promover um esclarecimento sobre o assunto e, provavelmente, a estratégia deverá passar por sair dos hospitais".
Na perspetiva do Dr. José Poças, a investigação em VIH oscila entre períodos de grande inovação e de relativa estagnação, acreditando o médico que nos encontramos muito próximos de "um novo cogresso que há de ser revolucionário" para o VIH/SIDA.